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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Vivência Percussiva e Tambores do Pacoval - Soure - Marajó - PA

Em agosto do ano passado, embarquei num curso de percussão aos domingos, debaixo da jaqueira do Centro Comunitário Tiradentes (CCT) na Marambaia. O mestre Flávio Gama e a mestra Antônia Ribeiro conduziram estes encontros, e assim foi surgindo o grupo batizado de Vivência Percussiva Debaixo da Jaqueira. Fui com a expectativa de aprender novas batidas para a batucada feminista da Marcha Mundial de Mulheres, mas acabei encontrando um espaço terapêutico, de reconexão com nossa ancestralidade através do tambor, de trocas de boas energias, novas amizades e com o incentivo dessas estou me tornando uma batuqueira :)
Divulgação do Passeio
Começamos a sair debaixo da jaqueira, recebemos convites pra batucar por aí, transmitindo a cultura popular, os tambores, o carimbó, de forma descontraída, com muita alegria. Foi realizado o Jaca Fest no CCT em 2018, levamos os tambores para o Bloco A do básico na UFPA,  e este ano na Praça da República no evento do Janeiro branco, dedicado à saúde mental, e nos Batuke de Kintal na casa da Maria.
Chegada em Soure
Nestas idas e vindas, resolvemos fazer novas conexões. Juntar minha experiência organizativa de pic-nics da galera do trabalho com o belíssimo trabalho que o mestre Flávio iniciou há 10 anos no bairro do Pacoval, em Soure, os Tambores do Pacoval. Assim nasceu a experiência de Vivência Percussiva pelo Pará, com um belo pontapé inicial para o Marajó!
Fomos num grupo de 30 pessoas, entre participantes da vivência percussiva, amigas do trabalho e amigos do Bruno Brabo que estava fazendo aniversário no dia 02/02 e aproveitou para comemorar a data conosco.
Embarcamos na lancha Golfinho, com horário de saída às 8:40h, porém saímos às 9h. A passagem custa R$ 48,00, vale a pena, super confortável e chega direto no porto de Soure. Chegamos lá às 11h e um microônibus fretado exclusivamente para o nosso passeio nos conduziu à praia do Pesqueiro.
Esquentando os tambores
Minha amiga D. Rose (preta velha de muita sabedoria que tenho o privilégio de trabalhar junto) nos deu a dica de irmos logo para esta praia devido a festa de Iemanjá que iria acontecer a partir do meio dia por lá. Foi de fato uma valiosa sugestão!
Chegamos num clima nublado, estamos em pleno inverno paraense, mas curtimos bastante a praia, compartilhamos nossas farofas e quitutes, muitos registros e uma batucada de leve pra esquentar.
A maré tava seca, mas não nos impediu de curtir as belas paisagens, bons papos e muita música para embalar nossa tarde.
Festa de Iemanjá no Pesqueiro
Começaram os fogos, ao longe o som dos tambores. Estava dando início à festa de Iemanjá do terreiro da D. Fátima. Não demorou muito e avistamos a linda embarcação com a imagem da rainha do mar, a oferenda que seria lançada ao final do ritual. Ela foi transportada ao barracão que estava em nossa direção mais à frente, impossível não ir lá apreciar a festa.
Impressionante o toque do tambor dos atabaqueiros do ritual, os tambores todos pintados de azul celeste, tambores de Iemanjá!
Muito emocionante ver tanta gente mantendo viva sua tradição, respeitando sua ancestralidade, dando luz às suas crenças, fazendo seus pedidos, agradecimentos e toda a boa energia e vibração que a gente sente nesses momentos. Foi um privilégio à parte participar dessa festa!

Praia do Pesqueiro

Mas chegava o momento de partirmos para o Pacoval, já se aproximava o horário de início da nossa oficina de percussão e precisávamos seguir a programação. Difícil mesmo é ir embora de um lugar tão lindo e vivendo momentos tão especiais!
Depois de todos embarcados no microônibus, tive que retornar para entregar os pertences da amiga Lu que haviam levado por engano, foi aí que recebi meu presente: O barco oferenda de Iemanjá surgiu na minha direção e o registro só ficou na minha memória, junto com meu agradecimento e meu pedido. Eu voltei só pra isso, pra contemplar sua ida para o mar, junto com a esperança e a gratidão de todos aqueles que a miravam. Odoyá, rainha Iemanjá!

Na Associação dos Moradores do Pacoval foi dado início à oficina de percussão com o Mestre Flávio Gama e a Mestra Antônia Conceição, que abriu com exercícios de alongamento.

Alongamento com Mestra Antônia

Todos foram pegando os instrumentos para participar da oficina e quem nunca tocou um tambor na vida ficou entusiasmado em poder tocar numa gira tão linda que se formou! Diversos ritmos e técnicas que de forma muito simples o Mestre Flávio transmite para os viventes.

Mestre Flávio no comando da vivência percussiva
Em seguida, foi a vez da Mestra Antônia nos mostrar as técnicas com as maracas e agbês. Instrumentos que a princípio parecem simples de tocar, mas que exigem muita concentração, ritmo e métodos pra acompanhar o toque dos tambores.

Diva das Maracas - Mesta Antônia
A oficina encerrou-se no início da noite, com uma grande roda de parabéns ao aniversariante do dia, Bruno Brabo! Rolou os parabéns, muito bolo, suco e comidinhas! Muito axé em sua vida!!! Um privilégio comemorarmos esta data ao meio de tantas boas vibrações e muito toque de tambor!!!

A noite só estava começando, pois logo em seguida deu início a festa tradicional de todos os sábados da Associação de Moradores do Pacoval. O grupo de carimbó Tambores do Pacoval, com a ilustre presença do Mestre Diquinho, foi o ponto alto do final de semana!

Mestre Diquinho
Mestre Flávio fez fala de agradecimento, fazendo um relato sobre o resgate do carimbó naquela comunidade, que se deu após a realização de oficinas de percussão pelo mesmo há 10 anos. Mestre Diquinho recebeu as honrarias e os integrantes do grupo Tambores do Pacoval também fizeram suas falas e relataram os trabalhos que são realizados na Associação. 


Vivência Percussiva e Tambores do Pacoval
Encantador o bailado das dançarinas de carimbó, de todas as idades, com um passo específico da dança que vai até o chão, e que os homens também dominavam com maestria! Um grupo de senhoras da terceira idade ensaiam durante a semana e todos os sábados vão bailar nesta festa, girando suas lindas saias floridas! O aniversariante foi desafiado a dançar até o chão, e não fez feio! Assim como todos os presentes na festa também se viram desafiados a acompanhar. Um intercâmbio cultural inesquecível!!!

Arthur no comando do curimbó
No dia seguinte, momento de partida e despedidas. Tínhamos programado para esta manhã passeio para Praia da Barra Velha, mas acabou virando roda de carimbó na casa da Lu, pois a chuva da noite inteira ainda persistia, sem chance de trégua! Após o café, o som do tambor começou a ecoar e logo se aproximaram os garotos da comunidade ansiosos pra batucar!
Todos ficaram impressionados com a habilidade do pequeno Arthur ao tocar curimbó. Sem parecer fazer grande esforço, o menino tocava de forma intensa, encantando a todos que estavam presentes na casa. Era o próprio Rei Arthur do Carimbó! Hehe! Nos empolgou de tal maneira que nos atrasou na saída para a praia!

Aproveitamos a oportunidade para também conhecer o atelier de cerâmica marajoara do Mestre Ronaldo, com peças belíssimas, e conversar com a D. Solange, foram nossos anfitriões que nos receberam com muito carinho nesta comunidade! 

Fica nosso imenso agradecimento por tudo que vivemos e nossa admiração pelo belo trabalho desenvolvido! E nosso muito obrigado à Luciene, que chamamos carinhosamente de Lu, por ter disponibilizado sua casa para nos hospedar. Esperamos voltar mais vezes a este lugar maravilhoso, de gente simples e aguerrida!


Rumo à Praia da Barra Velha
Antes de partir de volta à Belém, a chuva cessou, o sol timidamente se abriu e fomos conhecer a Praia da Barra Velha. Por sugestão do amigo Bruno, fomos à parte da praia que fica logo depois do mangue, sendo necessária uma boa caminhada pela ponte, que acaba sendo um atrativo à parte para contemplação da natureza.

Não existem palavras pra descrever a beleza dessa praia! Nosso único lamento foi não poder ficar mais tempo para aproveitar essa beleza marajoara, só conseguimos pedir o almoço e nos arrumar para pegar a lancha no porto do Camará, ficando aquele super gostinho de quero mais. 

Chegamos no horário no porto e tudo deu certo, foi uma ótima viagem e só fica a saudade e muita gratidão por tudo que vivemos, foram lindas experiências, amizades, a boa convivência em coletivo e laços que se formaram! Aguardamos ansiosos a próxima viagem da Vivência Percussiva pelo Pará!

*Todas as fotos deste passeio estão disponíveis no álbum, que pode acessar clicando aqui.*

Viventes Percussivos :)


Praia da Barra Velha




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