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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Ideias econômicas anteriores a Adam Smith - Hunt

Este é um pequeno resumo do capítulo 2 do livro História do Pensamento Econômico, do Hunt, que fiz quando cursei a disciplina Economia Política em 2014, com um professor uó que me fez ir parida com minha bebê no colo pra fazer prova. Eu lembro de cada humilhação que passei por conta da maternidade na academia, situações que não havia necessidade alguma deu passar num curso de Ciências Sociais, mas que passei porque nossa estrutura é cruel para mulheres. Enfim, segue o texto.


Resumo de: HUNT, E. K. História do pensamento econômico. 
7ª Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1981. 

Capítulo 2: Ideias Econômicas Anteriores a Adam Smith 


No presente capítulo, Hunt trata do início da época mercantilista e o que os autores mercantilistas consideravam como fonte dos lucros, dando destaque ao fato de que não era por incapacidade intelectual ou teórica que os mesmos não definiram de forma correta, que na verdade suas ideias somente refletiam a realidade econômica da época em que escreveram. 

Em seu primeiro tópico faz um apanhado dos primeiros registros escritos mercantilistas sobre valor e lucro, evidenciando a importância de compreender os determinantes dos preços pelos quais as mercadorias eram compradas e vendidas como crucial para compreender os lucros do mercador. Trata das afirmações dos primeiros pensadores medievais que diziam que os preços eram determinados pelos custos de produção que incluía uma remuneração implícita e apropriada do trabalho do artesão, que devia ser suficiente para manter seu estilo de vida tradicionalmente reputado. 

Porém, os primeiros mercantilistas abandonaram essa orientação e passaram a se concentrar no ponto de venda para analisar os valores, destacando três pontos importantes sobre a teoria de valor por Nicholas Bardon, que são o “valor natural” das mercadorias (preço real de mercado), as forças de oferta e da procura e o “valor intrínseco” ou valor de uso. 

Desta forma, os primeiros mercantilistas viam o lucro como originário basicamente do ato de troca, nestas circunstâncias pela inflação dos séculos XVI e XVII e as diferentes condições de produção em várias regiões de um país ou em várias partes do mundo aliado ao fato de haver pouca mobilidade de recursos, tecnologia e mão de obra, diferenciando os preços. 

Além disso, faz uma análise da continuidade ideológica entre as políticas mercantilistas e a ordem econômica medieval, que confiava na ética cristã paternalista, que justificava extremas desigualdades de riqueza, tendo como vetor a Igreja Católica e futuramente o Estado assumindo este papel paternalista, reconhecendo que aqueles que sofriam com as deficiências do sistema econômico deveriam ser alvo dos cuidados daqueles que dela se beneficiavam. 

O capítulo segue a tratar dos escritos mercantilistas posteriores e a filosofia do individualismo, que surgiu à medida que o capitalismo foi se desenvolvendo com o aumento da concorrência e difusão do comércio, fruto do processo em que os mestres foram se transformando nos organizadores e controladores do processo produtivo, passando a ser empregadores ou capitalistas. 

Neste processo abre o espaço ao pensamento de diversos filósofos, economistas e outros pensadores que rejeitavam a antiga visão paternalista do estado e deu início a formulação de uma nova filosofia do individualismo, que encontrou espaço com a Reforma Protestante, com a doutrina de que o homem era bom pela fé e não pelas obras, diferente da Igreja Católica que pregava o homem bom pelas obras, que implicava em cerimônias e rituais e que o mesmo não poderia salvar-se sozinho, somente pelo intermédio da Igreja. 

Deste modo, o texto vem tratar das políticas econômicas do individualismo em que a busca do lucro só teria eficácia numa sociedade baseada na proteção dos direitos de propriedade. Dá-se as origens da teoria clássica de preços e lucro com a criação de uma mão de obra “livre”, com aumento da produtividade e da divisão do trabalho. 

Por fim, o capítulo aborda brevemente sobre as ideias dos fisiocratas, escola francesa de economistas do século XVIII discípulos intelectuais de François Quesnay, que considera importante abordar antes de adentrar no estudo de Adam Smith, devido os mesmos advogarem uma reforma política, pois a França passava por desordens econômicas e sociais causadas pelas piores características do feudalismo e capitalismo comercial. Porém o autor deixa claro que a influência dos fisiocratas foi basicamente intelectual e não política expressas através do Tableu Économique de Quesnay, basicamente um modelo de economia centrado na agricultura. 

1 comentários:

Mirela Mirna disse...

Resumo maravilhoso que está me ajudando na matéria de Economia e Sociedade do curso de Ciências Socias na UFC. Muito obrigada!

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